
Marco ALMEIDA
Delegado Sindical - SinTAF
O SinTAF é filiado na Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – CGTP/Intersindical, apresenta-se com uma posição firme e claramente comprometida na defesa dos direitos dos trabalhadores do sector financeiro.
Marco ALMEIDA
Delegado Sindical - SinTAF
(Imagem CGTP-Intersindical Nacional)
A CGTP-IN promoveu a Sessão Pública "50 anos das nacionalizações contra as privatizações! - O sector público ao serviço do País!", no Auditório do Sindicato de Trabalhadores das Empresas do grupo Caixa Geral de Depósitos (STEC). Transcreve-se a intervenção do coordenador do SINTAF Nuno Matos.
Olá boa tarde a todos,
Actualmente sou trabalhador do Novo Banco, mas o meu primeiro contacto com o setor financeiro foi em 1995 quando comecei a trabalhar numa SFAC - Sociedade Financeira para Aquisições a Crédito. Comecei a trabalhar com recibos verdes. Em 1995 já estava a banca privatizada, estas SFACs que começaram a nascer por todo lado era o início da desregulação do setor, era mais fácil para os bancos fazerem créditos através destas SFACs, onde os trabalhadores não tinham contratação colectiva, nesta altura os sindicatos da banca eram da UGT e não estavam interessados em confrontar os patrões que já tinham muita influência junto do poder político e poder judicial. Só em Junho de 2005 é que aparece o SINTAF ligado à CGTP. É fruto de uma necessidade de intervir num setor muito importante para o País que estava, e está, sem controle. Eu já entrei para um setor onde o patrão punha e dispunha, onde se faziam atropelos aos direitos laborais, onde já havia precariedade com recibos verdes e trabalhadores que eram contratados por empresas de trabalho temporário.
A Banca sempre foi um setor estratégico para qualquer País, e um setor rentável. A Banca nacionalizada sempre contribuiu com os seus lucros para o orçamento de estado, sem esses contributos o estado foi forçado a aumentar os impostos para pagar as suas contas (ordenados de policias, médicos, enfermeiros, os trabalhadores camarários e os do estado central, forças armadas, fazer arruamentos e obras necessárias no País, justiça nas suas diversas vertentes a educação). Estes impostos caíram em cima da classe trabalhadora. Por outro lado a Banca privada preocupa-se em ter
lucro, não estão interessados no desenvolvimento do País, ou em apoiar as famílias e as empresas que tanto são precisas para o nosso desenvolvimento, porque só havendo trabalho e trabalhadores é que a economia avança e gera mais riqueza. Actualmente com a banca privada maioritariamente nas mãos de grupos transnacionais (BCP, Santander-Totta, Novo Banco, BPI), a riqueza gerada em portugal por trabalhadores Portugueses vai para fora do País, a única excepção são a CGD, o Montepio, a Caixa de Crédito Agrícola. Ao contrário da banca nacionalizada, a banca privada já necessitou da ajuda dos contribuintes Portugueses em muitos milhões de euros. Mas não recebemos de volta a justa gratidão da banca por os termos ajudado.
Em 2024 os principais bancos a operar no mercado Português tiveram mais de 5 mil milhões de euros de lucro, isto dá 14 milhões por dia. Um escândalo pornográfico neste país com tantas necessidades. Estes lucros foram conseguidos principalmente através de taxas cobradas aos clientes por serviços que a banca deixou de prestar com a desculpa da digitalização, encerrou balcões e passou serviços para o homebanking, MB way ou para as APPs. Mesmo sendo o cliente a trabalhar executando as operações, paga uma taxa ao banco. À pouco tempo tivemos a apresentação dos resultados de 2024, onde foi reconhecido que as margens diminuíram, mas as taxas cobradas subiram. Outro fator são as horas extras trabalhadas e não pagas.
Em contrapartida os trabalhadores bancários vêm a perder poder de compra há mais de 20 anos, actualmente a banca não é um setor atrativo para trabalhar, devido aos baixos salários e exigências muito grandes. A banca quer trabalhadores com formação superior, obriga a diversas formações de prevenção contra fraudes e riscos, mas paga salários baixos, nas tabelas salariais publicadas em BTE, o salário mínimo Nacional já ultrapassou o nível 4 estando quase no 5, quando tive contacto com a realidade da banca o nível 1 da tabela estava bem acima do SMN, este facto é bem demonstrativo da estagnação do setor, e o porquê de actualmente os jovens não quererem trabalhar na banca.
A banca tem promovido despedimentos ou rescisões por mútuo acordo, dizem que é para reduzir custos, também não substituem um trabalhador que passe à situação de reformado, perdendo-se destas duas formas, conhecimento. Quem fica no posto de trabalho fica com mais trabalho (mesmo ordenado) e mais pressão para atingir objectivos, mais assédio, o que leva muitos trabalhadores a fazerem horas extras não as declarando. Mas será que existe uma redução de custos? Dizem que o número de trabalhadores bancários diminuiu, mas será que o número de trabalhadores nos bancos diminuiu? A resposta é “nim”, porque os trabalhadores que saíram foram substituídos por trabalhadores contratados em outsourcing, o que aumenta a precariedade mas também a despesa, os valores diminuíram na rubrica de salários mas passaram para outra rubrica, isto porque as empresas de outsourcing, são pagas e têm de ter lucro no fim de pagarem as suas contas, o que acontece, é que temos cada vez menos trabalhadores abrangidos por contratos colectivos, com regulação de direitos e deveres para ambas as partes, este é o ponto principal, a banca quer só ter direitos sem deveres nenhuns, ou seja a nova forma de escravatura, onde os trabalhadores continuam com uma mão cheia de nada e a outra de coisa nenhuma.
A pandemia do covid-19 trouxe outras formas de trabalho, o teletrabalho que isola mais o trabalhador, afastando-o da realidade do local de trabalho e do contacto com as estruturas sindicais e outros trabalhadores. Este isolamento é utilizado para incutir medo nos trabalhadores, porque vem aí o papão da crise, passam custo do trabalho para o trabalhador e ainda o convencem que é uma coisa boa.
Em suma, as reivindicações de Abril de 1974 mantêm-se em 2025 apesar de 50 anos passados.
Agora como antes a Luta Continua, viva o trabalho, viva aos trabalhadores e sua luta.
Viva a CGTP-IN
SÃO AS MULHERES COMO TU
Que pela consciência, encontram
respostas para todas as perguntas
Que pela fraternidade, possuem não só
urna vida mas todas as vidas
Que pela dedicação, transformam o
cansaço numa esperança infinita.
Que pelo pensamento, ajudam
a realizara azul que há no dorso das manhãs
Que pela emancipação, fazem de nós
mulheres e homens com a estatura
da vida, capazes da beleza,
da igualdade, da justiça e do amor
São mulheres com tu
Que podem transformar o mundo
Fernando Pessoa
Exmos Senhores
No seguimento do plenário realizado no dia 19/02/2025 no Edifício Colombo, com a participação de centenas de trabalhadores, damos a conhecer carta reivindicativa.
Administração do BNP Paribas
Torre Ocidente Rua Galileu Galilei, 2, - 13º
1500-392 Lisboa
Lisboa, 24 de Fevereiro de 2025
Assunto: Pedido de Reunião
Exmos Senhores,
A situação do País está marcada pelo agravamento das condições de vida da população, fruto dos baixos salários e o aumento do custo de vida, onde a habitação e alimentação têm um peso esmagador. Não podemos esquecer que a inflação deste ano soma à inflação dos anos anteriores, que o BNP-Paribas tem tido resultados record nos últimos anos, consecutivamente - conseguidos com o empenho e esforço dos seus trabalhadores (todos). O banco reconhece as dificuldades existentes, quando tem dificuldades em contratar por força dos baixos ordenados que pratica e vê-se obrigado a aumentar o vencimento de entrada. Ora, dado que não tem havido uma actualização salarial em linha com a inflação, os trabalhadores com mais antiguidade vêem-se muitas vezes a dar formação a colegas com salários superiores aos seus.
Assim, no seguimento do decidido em plenário, no dia 19 de fevereiro de 2025, que mandatou o SinTaf – Sindicato dos Trabalhadores da Actividade Financeira, vem este propor a realização de uma reunião com a administração, com a seguinte ordem de trabalhos:
a) Aumentos salariais para todos os trabalhadores de 15% e um minimo de 150€ com efeito a 1 de janeiro de 2025. E para ao trabalhadores que não tiveram aumento em 2024, atualizar o aumento a 1 de janeiro de 2024;
b) Igualdade de retribuição quando são exercidas as mesmas funções;
c) Implementação da semana de 35h de trabalho sem perdas remuneratórias, conforme se pratica na banca em Portugal.
d) Assegurar condições ambientais dignas no local de trabalho, garantindo refeitório para todos os trabalhadores poderem usufruir do espaço para se alimentarem;
e) Retomar as negociações para o acordo de empresa proposto pelo SinTaf, uma vez que os trabalhadores não se revêem no A.E. em vigor, assinado com outras estruturas sindicais;
f) Regulamentar as avaliações de desempenho profissional e estabelecer regras, para recurso quando existam discordâncias a respeito das avaliações atribuidas;
Ficamos a aguardar marcação da reunião que solicitamos acima.
Com os nossos melhores cumprimentos
A Direcção
NOTA À IMPRENSA
O SinTAF - Sindicato dos Trabalhadores da Actividade Financeira vem dar conhecimento aos vários órgãos de comunicação a seguinte comunicação:
BNP-Paribas Lucros Fantásticos vs Ordenados Miseráveis
Ontem dia 19 de Fevereiro 2025, pelas 15h o SinTAF – Sindicatos dos trabalhadores da Actividade Financeira – realizou um plenário de trabalhadores nas Instalações do BNP-Paribas no edifício do Colombo e no Edifício Arts na expo, estas duas localizações estavam ligadas online. A empresa dificultou o acesso à sala marcada para este efeito no edifício Arts, mas realizamos o plenário com várias centenas de trabalhadores. As principais queixas dos trabalhadores são os ordenados muito baixos, na maioria cerca de 920 euros líquidos, para quem tem grandes responsabilidades em operações complexas e muitas vezes em língua estrangeira (diversas). Também se queixaram das avaliações muito subjectivas e sem critério, que condicionam os prémios. As condições dos trabalhadores em Portugal são bastante piores que as dos seu colegas em outros países Europeus (Espanha, Itália, França) PORQUÊ?
Os trabalhadores pretendem iniciar negociações por um Acordo de Empresa (AE) justo. Não se revêm no actual.
A Direcção Central
Sem outro assunto de momento, com os melhores cumprimentos,
Lisboa, 20 de Fevereiro de 2025
Para qualquer esclarecimento, contactar: Dirigente Nuno Matos 963 452 414
O salário é a base primordial da sustentação da vida da esmagadora maioria da população. Ele é muito mais que o dinheiro que o trabalhador recebe no final de cada mês. Associado a uma relação de trabalho contratualizada e regulada, torna-se elemento de previsibilidade, de futuro, para a vida dos trabalhadores e das suas famílias.
O salário assegura o acesso ao sistema de segurança social nas dimensões que este garante enquanto o trabalhador está no ativo, e afiança o direito à reforma. O valor desta depende do salário declarado durante a vida ativa. O salário gera, também, pertença a um coletivo de interesses, o das pessoas cujo rendimento provém do trabalho. Coletivo esse a quem é atribuído o direito de intervir no sistema de relações de trabalho para fixar e rever o valor do salário e dos direitos e deveres a ele associados.
Exige-se um relembrar destes factos. Foram precisas muitas e duras lutas, no século XIX e início do século XX, para o liberalismo aceitar os compromissos inerentes àqueles significados do salário. O trabalho era tido como mera mercadoria, numa troca entre trabalhador e patrão e daí resultava uma jorna - pagamento ocasional sem qualquer outro efeito. Só perante a exploração, a violência e destruição das I e II guerras mundiais foi assumido, universalmente, que “o trabalho não é uma mercadoria”.
Os liberais da “modernidade” querem substituir o salário por prémios, por subsídios, por pretensos benefícios fiscais, em formas várias de prestação de serviços.
Os seus três objetivos centrais são:
- Primeiro, camuflar a desvalorização real da retribuição do trabalho;
- Segundo, dissociar a retribuição de outros rendimentos a ela associados;
- Terceiro, instalar o poder patronal discricionário, na determinação das remunerações.
Trata-se da anulação dos instrumentos de justiça e de dignidade do trabalho criados pelas sociedades democráticas e progressistas.
Henry Ford considerava necessário pagar bons salários para que os trabalhadores tivessem poder de compra e adquirissem bens produzidos. Hoje, os neoliberais são meros serventuários da especulação financeira. Os fundos de pensões ou as políticas de imobiliário que defendem não são para servir as pessoas, mas sim para especular. Recheiam os “mealheiros” e quando consideram oportuno invocam uma crise e rapam o tacho. Numa semana em que foi tão evidente o valor fictício das ações das grandes empresas “modernas”, há que estar ainda mais alerta.
A discussão envenenada que o Governo parece ensaiar sobre a segurança social - cujo equilíbrio atual e no futuro próximo é seguro - exige combate a cenários catastrofistas manipulados e compromissos para a criação de mais e melhor emprego. As conversas sobre produtividade, competitividade ou crescimento só são sérias quando assegurada uma justa repartição da riqueza. Isso impõe respeito pelo conceito de salário.
Bancos delegam cada vez mais nas máquinas serviços dos balcões
Publicação do JN de 29 janeiro, 2025 às 07:10
Digitalização bancária chega aos balcões de proximidade, dificultando o acesso a parte da população
Foto: Artur Machado / Arquivo
Jornalista: Inês Malhado
Reproduzimos exclusivo autorizado do JN disponível em https://www.jn.pt/2587239253/bancos-delegam-cada-vez-mais-nas-maquinas-servicos-dos-balcoes/
A redução de horários de tesouraria das agências está entre as queixas dos clientes. A Deco e o Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Financeira (SinTAF) alertam para implicações no acesso de clientes idosos e de empresas.
Os bancos estão a oferecer cada vez mais funções de tesouraria em máquinas “self-service” e a reduzir os horários para fazer depósitos ou levantamentos presenciais. Há os mesmos balcões a serem fechados. Estas são algumas das reclamações dos clientes da Deco, que alertam para barreiras no acesso aos serviços.
Natália Nunes, coordenadora do gabinete de proteção financeira da Deco, sublinha que “esta tentativa de a banca levar as pessoas a utilizar cada vez mais o digital traz grandes problemas”, em especial, às pessoas de mais idade, desde logo na hora de acederem à sua conta, por não terem computadores ou não saberem usar.
“Não podemos esquecer que somos um país envelhecido, e que há uma grande franja de pessoas que não têm acesso ou as competências para fazer esse uso digital do banco”, defendeu. Por outro lado, há clientes que “têm mais confiança em aceder ao banco pessoalmente” e “este afastamento físico” faz com que também se dificulte o acesso à informação, alertou a economista.
Cortes de custos
Na última década, a rede de agências no país passou de 5647 para apenas 3327 em 2023, segundo os últimos dados do Banco de Portugal. A tendência decrescente tem sido acompanhada por um corte do número de trabalhadores.
Os bancos que responderam ao JN dizem ter horários diferenciados, tendo em conta a afluência às agências, e garantem que as necessidades são cobertas pelos novos meios, sobre os quais não têm reclamações ou são residuais. Se o cliente precisar de apoio, ou em caso de indisponibilidade do equipamento, as operações são feitas por um colaborador do balcão.
Nuno Matos, do Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Financeira (SinTAF), atribui as mudanças a cortes de pessoal e de custos, e alerta estarem a afetar a qualidade e o acesso aos serviços dos negócios que rodeiam as agências bancárias. “É algo que implica, e muito, no tecido empresarial português, que são as pequenas empresas e negócios vizinhos dos balcões, que quando precisam encontram-nos fechadas”, sublinhou o sindicalista.
Eleva espera nos balcões
Por outro lado, os depósitos feitos nas máquinas aceitam um limite de notas e moedas de cada vez, o que implica repetir o procedimento várias vezes se forem grandes quantias de dinheiro, enquanto ao balcão o valor desejado era admitido no imediato, apontou Nuno Matos.
O dirigente do SinTAF observou que, mesmo nas cidades maiores, o fecho de balcões faz com que seja mais difícil aceder aos serviços e eleva a espera nos que ficam abertos. Nuno Matos também se mostrou preocupado com o facto de a banca estar cada vez mais a recorrer a contratação de trabalhadores precários por “outsourcing”.
O sindicalista explica que são trabalhadores que não estão protegidos pelos direitos da contratação coletiva, uma vez que não se encontram afetos aos bancos. Completam 40 horas semanais e são lhes exigidas responsabilidades semelhantes, desde logo porque têm de aceder a dados dos clientes, o que pode trazer implicações de segurança, alertou.
Fonte do BPI sublinha ao JN que, tendo em conta a afluência de clientes, existem balcões com um horário diferenciado para o atendimento presencial, das 13 horas às 15 horas na generalidade dos casos, e outros em que o serviço é assegurado por máquinas self-service (disponível 24 horas).
O BCP diz que não têm implementadas restrições de horário e, para melhorar os serviços de tesouraria reforçou o parque de máquinas com equipamentos mais modernos. As opções digitais estão disponíveis nas zonas mais urbanas, onde o serviço de tesouraria é realizado exclusivamente no parque de self-banking.
Já o Novo Banco referiu que os seus balcões têm com o horário de funcionamento habitual (das 8.30 horas às 15 horas), existindo alguns que encerram no período de almoço e outros a funcionar apenas parte do dia. Acrescenta ter feito “um forte investimento em soluções de self-service” para reforçar a capacidade de serviço e servir todos os clientes da forma mais cómoda e alinhada com o perfil de cada um”. O Santander e a Caixa Geral de Depósitos não responderam.
Saudações à 10ª Conferência Nacional da Interjovem.
Intervenção do SINTAF na conferencia da Interjovem
Venho-vos falar hoje da realidade dos trabalhadores do setor bancário, enquanto trabalhador do BNP Paribas e sindicalizado no SINTAF.
Parece que todos os dias ouvimos falar dos lucros da banca. Aliás em 2024 vimos a banca atingir lucros históricos em Portugal. Só até Setembro, os lucros agregados dos cinco maiores bancos a operar em Portugal foram de 3.900 milhões de euros (14 milhões por dia!),
prevendo-se que estes valores tenham chegado aos 5.000 milhões de euros no final do ano.
Cada ano que passa vão-se registrando constantemente cada vez mais altos resultados positivos. Sim, resultados positivos, que é o que eles chamam quando nos apresentam estes valores nos nossos locais de trabalho. Sem nunca se denominarem por lucros, vão-nos apresentando estes resultados financeiros que, todos juntos obtivemos. Dizem eles, todos juntos, nós, os trabalhadores, obtivemos os lucros. Porém vão omitindo que só eles têm direito a usufruí-los. E enquanto os senhores CEOs vão-se jubilando com estes valores, a nós vai nos custando na pele.
É que, com valores tão elevados, seria de pensar que os aumentos salariais lhes seriam no mínimo proporcionais. Afinal, se vão pregando a ideia de que todos juntos obtivemos os resultados positivos, então todos juntos haveríamos de receber uma fatia do bolo, correto?
Pois, para nossa surpresa, isto não se verifica. Dizem-nos a nós que é impossível que salários aumentem. Que estamos a passar por uma pandemia, que estamos em tempos de guerra, ou por infinitas e infindáveis crises económicas… há sempre um argumento para tapar o sol com a peneira. E vêm sempre com aquela conversa do costume, de que estamos todos no mesmo barco, que é necessário um esforço de equipa e que, portanto, é preciso fazer contenções, enfim, é preciso paciência e compreensão.
Dizem eles, do cimo dos seus palácios de marfim, com o papo cheio de prémios e bónus chorudos, enquanto distribuem dividendos pornográficos para fora do país, esquecendo-se -leia-se, omitindo - de dizer o mais essencial: não tem de ser assim. Vai se repetindo a ladainha à espera que os nossos ouvidos entranhem o que, naturalmente, se estranha. E estranha-se bem. Estranha-se porque sabemos que é possível justo e necessário o aumento dos salários e a melhoria das condições laborais - afinal somos nós que produzimos a riqueza e isso eles não conseguem esconder.
Como em tantos outros espaços, No BNP Paribas o nosso trabalho não se afigura fácil. Com avanços e recuos, tem se procurado alargar a atividade do nosso coletivo, quer na quantidade de sindicalizados, quer na sua atividade em concreto: no esclarecimento, nas distribuições, nos baixos assinados e na mobilização para a luta. Neste sentido temos desenvolvido trabalho. Há dois anos atrás foi realizado um abaixo-assinado (que chegou a cerca de 1800 assinaturas,), resultado de um plenário bastante participado, especialmente tendo em conta que foi o primeiro plenário desenvolvido no BNP Paribas por organizações sindicais - cujas reivindicações deram corpo a uma proposta de acordo-empresa proposto à administração para negociação sendo posteriormente recusado.
Nos últimos anos, o BNP Paribas, o maior banco francês, passou a ter o seu centro de operações em Portugal,. De facto, faz mais Sol cá do que em França e o nosso Pastel de Nata é melhor que o Croissant. Contudo, nem uma coisa nem outra são as razões que levaram a esta mudança. Como seria de esperar, a verdadeira razão reside nos baixos salários de Portugal e, por conseguinte, na maior taxa de lucro em ter operações em Portugal. Os nossos salários estão longe dos valores auferidos em França, mesmo que trabalhemos como se estivéssemos lá.
E os Senhores do BNP Paribas sabem disso. Não só sabem, como atuam deliberadamente para que essas condições se perpetuem, como o confirmaram aquando da negociação por um Acordo-Empresa ao afirmarem categoricamente que se nos aumentassem os salários, então
mais valia levar as operações para onde os salários fossem ‘mais competitivos’, como eles gostam de dizer.
Mas, Camaradas, nem tudo é mau. Às terças e às quintas-feiras, o BNP fornece fruta em todos os pisos, porque se preocupa com o bem-estar dos seus trabalhadores. Aliás preocupam-se tanto com a saúde que têm até uma plataforma, a famosa benefit, que traz benefícios em
serviços como de saúde e bem-estar, no valor de 50 euros para usarmos à nossa vontade em entidades parceiras do banco. Veja-se, tamanha é a generosidade. Tanta generosidade que rapidamente vê o seu fim quando lhes é pedido que coloquem esses 50 euros no salário. Aí já é traçado o limite, não vão os trabalhadores ser donos da gestão do seu próprio dinheiro, ou pior, ver o seu salário aumentado. Aí é que o bem-estar dos trabalhadores seria ameaçado.
Mas talvez estejamos a ser demasiado duros para com estes Senhores que tanto se preocupam connosco. Afinal, cada vez mais são as sessões que abordam a saúde mental, como por exemplo a questão do burnout - este novo conceito que foi inventado para dar um
nome mais bonito às consequências da exploração. É pena é que por mais sessões que abordam a saúde mental, nem uma palavra sobre a redução dos horários de trabalho semanal.
Parece que quanto mais se dão conta das consequências da exploração que nos impõem, mais horas extras pedem para fazer, como se as 40 horas semanais não fossem suficientes para deteriorar a nossa saúde mental.
Camaradas, o Banco está de tal forma preocupado connosco, que até promove um sindicato que, dizem eles, defende os nossos direitos, o tal Mais Sindicato. Felizmente temos este sindicato que nos defende. Um Sindicato que é financiado pelo Capital. Um Sindicato que nos é
impingido pelo próprio patronato desde o nosso recrutamento. Um sindicato que tentam fazer parecer que a este precisamos de nos associar de modo a beneficiar de cuidados de saúde no SAMS - um direito que na realidade é de todo o bancário. Sim, Camaradas, um sindicato que
se dispõe a assinar acordos com o Patronato onde se contemplam aumentos salariais mais baixos até que os propostos pelo patrão, este sindicato que é publicitado em todo lado no BNP, mas que não aparece numa única luta; Claro é que não poderia ser este um sindicato de
Classe, claro que este não poderia ser o SINTAF. Mas a preocupação do BNP Paribas não fica por aqui. O banco que tem o como slogan “the
bank for a changing world” está muito preocupado com a sua responsabilidade social e até permite um dia por ano para fazermos voluntariado. Pois bem, que bom. Se o BNP está tão comprometido em mudar o mundo, que comece por mudar as condições laborais dos seus trabalhadores. Que se sente à mesa de negociações com o SinTAF para um acordo-empresa assente nas premissas do acordo coletivo de trabalho vertical da banca, histórico marco conquistado no pós-revolução pelos bancários organizados no seu sindicato de classe. Um
acordo com tabelas salariais justas que visam a progressão automática na carreira; um acordo que contemple diuturnidades valorizando a experiência de quem tudo produz; um acordo que contemple as 35h de trabalho semanal entre outras condições pelas quais lutamos!
Camaradas, o descontentamento está aí e é notório. No contacto com os trabalhadores, são incontáveis os testemunhos de trabalhadores que se associam a outros sindicatos a título dos benefícios no campo da saúde, mas que nos reconhecem a nós como o sindicato justo, com as posições que interessam a quem trabalha. No último plenário dinamizado pela comissão de trabalhadores várias foram as vozes a pedir melhores condições, mais presença do sindicato que defende os trabalhadores, e mais ações, colocando-se à discussão a possibilidade de
convocar uma greve. É imperativo chegar a estes trabalhadores, transformar este descontentamento em luta e trazê-lo também para a rua.
Para isto, importa que o SINTAF aumente ainda mais a sua presença nos locais de trabalho e no BNP. Que os trabalhadores não só se sintam protegidos pelo sindicato, mas que se revejam no seu projeto e na sua atividade. Aproximar o SinTAF dos trabalhadores e trazê-los à luta. Defender e organizar os trabalhadores como faremos com a distribuições do nosso boletim e no nosso plenário convocado já para dia 5 de Fevereiro tendo em vista o desenvolvimento de uma carta reivindicativa, e colocar pressão sobre a administração para que consigamos o nosso acordo-empresa!
Porque somos trabalhadores e não patrões, porque somos bancários e não banqueiros. Porque somos nós que sentimos as dificuldades. Porque somos nós que sentimos a necessidade das nossas reivindicações. Porque somos nós que sentimos a justeza da luta.
Viva a justa luta dos trabalhadores.
Viva a Interjovem e a CGTP.
No dia em que se comemorou os 54 anos da CGTP-IN, foi inaugurado juntamente com a Câmara Municipal do Seixal o Espaço Memória – Centro de Arquivo, Documentação e Audiovisual da CGTP-IN, na antiga fábrica da Mundet Seixal (Av. Albano Narciso Pereira).
O SINTAF marcou presença na cerimónia de abertura.
O Espaço Memória – Centro de Arquivo, Documentação e Audiovisual irá gerir o património documental e museológico da CGTP-IN e promover iniciativas que fomentem o estudo, investigação, aprofundamento do conhecimento e a reflexão em torno da história do movimento operário e sindical, entre outras iniciativas futuras.
O espaço onde fica localizado – a antiga "Fábrica de Cortiça L. MUNDET & Sons" (Fábrica da MUNDET)
Esta iniciativa contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e com o Presidente da Câmara Municipal do Seixal, Paulo Silva que visitaram o local.
Lisboa, 01 de Outubro de 2024
Mais informações podem ser encontradas em:
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O trabalho e os trabalhadores têm de ser valorizados e não tratados como peças descartáveis.
A luta dos trabalhadores continua a ser, como sempre, elemento decisivo para resistir, defender, repor e conquistar direitos.
É o primeiro acto de participação sindical de um trabalhador.
O SINTAF possibilita aos trabalhadores seus associados ter uma voz activa capaz de representar e defender o colectivo de trabalhadores.
O desequilíbrio existente na relação de forças entre a administração e os trabalhadores é reduzido se estes estiverem sindicalizados.